(…)
É desejável, (…), que se definam estratégias que garantam que os alunos
cooperam entre si tendo em conta atingir determinado objetivo comum. Por vezes,
apesar de as crianças poderem cooperar espontaneamente, a interdependência só é
estabelecida pela intervenção explícita do educador. A planificação de qualquer
atividade deve envolver a especificação da forma como a interdependência
positiva será assegurada. Existem várias formas de o conseguir:
1. Objetivos do grupo - Nos trabalhos de grupo, os alunos trabalham para atingir determinados objetivos. Torna-se necessário que as crianças e jovens partilhem objetivos comuns e um sentimento de responsabilidade pelo bom desempenho dos colegas. Todas as atividades colaborativas devem ser organizadas em torno de um objetivo de grupo, que pode ser: a) um produto (história, desenho, cartaz…); b) a compreensão de um conceito, de uma estratégia ou de um procedimento; c) a “luta” para que todos os elementos do grupo tenham sucesso numa determinada tarefa. Por vezes, quando os grupos são extremamente heterogéneos, podem ser definidos objetivos distintos, mas complementares, para cada criança. Esta medida permitirá que todas as crianças tenham oportunidade de sucesso.
2.
Atribuição de papéis/funções - A distribuição de papéis complementares pelas
crianças pretende contribuir para a organização das relações dentro do grupo e
assegurar a responsabilização por determinados aspetos ou setores da tarefa. As
atribuições de cada papel/função devem ser explicadas de forma clara (por
exemplo, desenhador, investigador, contador da história). A interdependência de
papéis ou funções requer que cada elemento do grupo desempenhe a sua parte. A
atribuição dos papéis pelo educador permite selecionar o mais adequado a cada
criança. Por exemplo, uma criança passiva poderá beneficiar com a atribuição de
um papel que exija uma resposta ativa. Estes papéis devem ser simples e não
deverão ser assumidos sempre pelas mesmas crianças: a todos deverá ser dada a
oportunidade de desenvolver as capacidades específicas de cada papel.
3.
Partilhar materiais e recursos - Quando as crianças dispõem apenas de um
conjunto de materiais – um computador, uma lupa, um livro -, são obrigadas a
coordenar as suas ações e discussões. Numa atividade tão simples como colorir
um desenho, poderá distribuir-se uma caneta de feltro de cor diferente a cada criança.
Esta medida encoraja a interação e o planeamento dentro do grupo e permite que
o educador possa avaliar as contribuições de cada elemento. O educador poderá,
ainda, estruturar a interdependência de recursos de forma que as crianças
tenham que trabalhar independentemente na produção de diferentes “peças” que
deverão ser “combinadas” posteriormente pelo conjunto do grupo.
4.
Interdependência de identidade - A coesão do grupo pode ser reforçada pelo
estabelecimento de uma identidade através da seleção de um nome ou símbolo para
o grupo.
5.
Interdependência na sequência - Algumas atividades implicam a realização
sequencial de um conjunto de subtarefas. Geralmente, cada elemento do grupo
fica responsável pela concretização de uma das fases da sequência. (Reis,
2008a, pp. 151-152).
Retirado
de "Módulo 4: A inclusão na sala de aula"
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